Tempo

A manipulação do tempo é muito limitada na vida cotidiana, se comparada com a do tempo no teatro. O treinamento técnico do Tempo lida com a possibilidade de transitar entre estruturas especialíssimas que definem formas de o público sentir a textura do tempo, colocando, de certa forma, os espectadores em contato com o contraste entre a subjetividade do tempo, objetivada na escolha cênica, com o tempo da vida cotidiana. O tempo não lida apenas com o passado-presente-futuro. O tempo pode ser tratado de muitas maneiras para além de pensar o que ocorreu ontem ou o que vai acontecer amanhã, e esse olhar para a transição entre essas estruturas torna essa prática muito rica para criações cênicas. Vale lembrar que a origem do MOCT está fundamentada sobre a lógica do tempo, uma vez que a transição é uma estrutura temporal. E, dessa forma, o sistema utiliza um de seus muitos elementos como base para sua existência. Enfim, o tempo no teatro é uma relação. Dessa forma, a maneira como se propõe o tempo em cena e com o que esse tempo se relaciona instala seu próprio sistema, cuja coerência podemos investigar do ponto de vista da ficção e do interesse metafórico.