Não somos seres isolados no mundo, estamos praticamente o tempo todo em relação com algo. Mesmo sozinho, a pessoa está em relação consigo própria, em relação com uma divindade, ou com algum objeto. No teatro, as relações são tão importantes que elas definem os rumos de uma criação. Essa é uma prática que, ao mesmo tempo em que é muito simples (talvez a mais simples de todas), propicia saídas extremamente potentes para improvisações e sugere detalhamentos e variações de cena valiosíssimos.
Esse treinamento sozinho já poderia ser tratado como uma técnica inteira de criação, pois as soluções cênicas que surgem, assim como a liberdade que os atores desenvolvem com ela, em cena, são enormes. A graciosidade dessa prática está no fato de ela encontrar seu brilho exatamente na transição entre suas possibilidades. É uma técnica que transita muito bem entre as lógicas dramáticas e performativas e que se une com facilidade a outras técnicas. Os relacionamentos, de certa forma, passam por conteúdos que são também do campo Personagem, ou da Voz, ou do Espaço, ou do Tempo. Sua riqueza está exatamente no campo de exploração da transição desses poucos elementos que proporcionam uma amplitude de soluções cênicas potentes.